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Vale do Jequitinhonha: prefeitos estão permanentemente à caça de deputados

As urnas refletem a vontade popular, mas não são justas na distribuição da representação legislativa pelas regiões geográficas do estado.

Levantamento realizado pelo Estado de Minas indica que 71 dos 77 deputados estaduais e 49 dos 53 deputados federais concentram mais de 40% de sua votação em um só “território” – ou uma só macrorregião. Mais rica e mais populosa, a região Central tem na Assembleia Legislativa 33 cadeiras, – o equivalente a 43% do plenário – em que pese o eleitorado dos 158 municípios que a compõem corresponderem a 35% do estado

Com a criação da Umvale conseguirá o Vale eleger ao menos um deputado ?

Em situação inversa está a Região do Vale do Jequitinhonha e do Mucuri, – a mais pobre em movimentação econômica e em desenvolvimento humano – que tem apenas um deputado estadual que ali concentra a sua votação, apesar de o conjunto dos eleitores nas 66 cidades representar 5,3% do total no estado. Também no plano federal o chamado “vale da miséria” continua em desvantagem quantitativa na representação da bancada mineira: tem dois deputados federais com votação ali predominante, – o equivalente a 3,8% das 53 cadeiras.

Como a atuação parlamentar continua vinculada e muito centrada nos interesses e no atendimento das bases, menor representação política é sinônimo de baixa voz na defesa das demandas que brotam com a pobreza e proliferam em carências estruturais na oferta de serviços fundamentais.

Não à toa, do Vale do Jequitinhonha, os prefeitos estão permanentemente à caça de deputados. São eles vistos como “despachantes” indispensáveis junto ao Poder Executivo, com os quais contam para a solução de questões as mais diversas, que sozinhos não conseguem lidar em decorrência das máquinas administrativas municipais precárias.

Precisamente nessa dependência burocrática e política se perpetuam os mandatos dos representantes do Legislativo. Prefeitos precisam de deputados para atrair recursos e encaminhar politicamente as demandas. E deputados contam com os votos que podem advir de uma gestão azeitada.

Prefeito de Virgem da Lapa fala sobre o assunto

“Nós, prefeitos, vivemos sempre de pires na mão”, afirma Averaldo Moreira Martins (PT), de Virgem da Lapa, cidade com 14.602 habitantes, localizada no Médio Jequitinhonha, a 560 quilômetros de Belo Horizinte. Embora considere haver deputados que ajudam a cidade em pequenas demandas, aqui e ali, ele ressente a falta um movimento político de sustentação da região. “Somos órfãos de um porta-voz que reivindique estradas, barragens e geração de emprego e renda para o Jequitinhonha”, acrescenta Martins.

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